Irlanda do Norte - Ulster, Reino Unido

A crise político-religiosa e a atividade armada do Exército Republicano Irlandês convergiram para tornar a Irlanda do Norte o maior foco de tensão do Reino Unido no século XX.

A Irlanda do Norte, ou Ulster, integra, com a Inglaterra, a Escócia e Gales, o Reino Unido da Grã-Bretanha e da Irlanda do Norte. Dividida em seis condados e 26 distritos, tem uma área de 14.121km2, limita-se ao sul e a oeste com a República da Irlanda e o canal do Norte a separa da ilha da Grã-Bretanha.

O território assemelha-se a um pires, cujo centro corresponde ao lago Neagh e a borda, às montanhas. Cinco dos seis antigos condados - Antrim, Down, Armagh, Tyrone e Londonderry - confluem para o lago; no extremo oposto a região é montanhosa. Ao norte e a leste, as montanhas de Antrim inclinam-se para a costa, com altura máxima de 554m, em Trostan. A paisagem de colinas arredondadas, no sudeste, vai até o monte Slieve Crook, com 535m. O ponto culminante é o Slieve Donard, com 852m, nas montanhas Mourne.

O clima é temperado e marítimo. As depressões do sudoeste trazem chuva e nuvens. A pluviosidade decresce de oeste para leste; a primavera é seca, o verão úmido e o inverno ainda mais úmido. As condições meteorológicas são instáveis, mas sem extremos de calor ou frio. A temperatura chega a 3o C na costa norte e a 2o C na leste, em janeiro.

Quase toda a população descende de colonizadores ingleses e escoceses. A maioria é protestante - presbiterianos e anglicanos; há uma minoria católica. O idioma oficial é o inglês. Mais da metade da população é urbana e além da capital, Belfast, outras cidades importantes são Londonderry, Armagh, Lisburn, Portadown, Larne, Ballymena, Newry e Newtownards.

A fertilidade do solo, sobretudo nas planícies, favoreceu a agropecuária. A produção de leite abastece os grandes núcleos industriais da Inglaterra e da Escócia. Os principais setores industriais são o têxtil e o de construção naval, localizados sobretudo em Belfast. No passado, o país produzia toda a matéria-prima de sua tradicional indústria de linho. Depois, passou a importar fibras da Bélgica, Países Baixos e países bálticos. Há grandes jazidas de carvão e ferro e uma pequena mas ativa indústria de aparelhos elétricos e componentes de aviões.

A partir do século XII, o domínio inglês sobre a ilha da Irlanda ficou ameaçado. Em 1800, a revolução liderada pela organização secreta Irlandeses Unidos obrigou Londres a promover a união formal da Grã-Bretanha e da Irlanda. Por meio do Ato de União, o Parlamento irlandês foi substituído por uma representação no Parlamento do Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda.

No início do século XX ocorreu o confronto entre o sul, agrícola e católico, favorável à separação da Grã-Bretanha, e o norte, industrial e protestante, que rejeitou a proposta e ameaçou lutar contra a inclusão no Parlamento autônomo que os britânicos queriam conceder à Irlanda. Surgido em 1919, o Exército Republicano Irlandês (IRA) passou à luta de guerrilha. Instaurou-se a violência, até que, pelo acordo de 6 de dezembro de 1921, seis dos nove condados de Ulster formaram a Irlanda do Norte, com governo próprio, mas integrada ao Reino Unido. Os 26 condados do sul integraram a República da Irlanda, independente desde 1937. No entanto, a minoria católica manteve a guerra contra a integração e pela unificação com a República da Irlanda.

Até 1940, os protestantes regeram a Irlanda do Norte. A minoria católica deixou o campo em busca de melhores condições na cidade, principalmente na indústria têxtil e nos estaleiros de Belfast. Em meados da década de 1960 a frágil estabilidade do país começou a desabar. Protestos dos católicos em 1968 provocaram conflitos violentos. As forças britânicas de paz, enviadas no início da década de 1970, foram vistas como forças de ocupação. Em 1972 o primeiro-ministro britânico Edward Heath suspendeu a constituição e o Parlamento da Irlanda do Norte. O governo de Londres, pela emenda de 1973, assumiu a administração do país, mas a prática do terrorismo continuou no Ulster e na Inglaterra.

Em 1979 o IRA assassinou Lord Louis Mountbatten, que fora vice-rei da Índia, e em 1984 realizou um atentado contra a primeira-ministra Margaret Thatcher. Várias conversações em busca de acordo fracassaram, sempre com novas ondas de violência. Em dezembro de 1993, a República da Irlanda e o Reino Unido propuseram que o IRA renunciasse à violência como pré-condição para que o Sinn Fein, braço político do grupo, tomasse parte das negociações de paz. Em 31 de agosto de 1994, após 25 anos de luta armada contra o domínio britânico, o IRA concordou em suspender as operações militares. Em 1997, o primeiro-ministro britânico, Tony Blair, realizou um encontro histórico com o líder do Sinn Fein, Gerry Adams, e no ano seguinte foi assinado um acordo conjunto, com a participação do Partido Unionista de Ulster, protestante, para alterar substancialmente a forma de governo da Irlanda do Norte.

Pelo sistema em vigor, o ministro britânico para assuntos da Irlanda do Norte pode designar quatro auxiliares diretos. Há um Conselho Executivo de 11 membros. A Assembléia Legislativa, o Stormont, de 78 membros, é controlada pelo Parlamento britânico. Os assuntos ligados às relações exteriores e à defesa competem ao governo central. A Irlanda do Norte tem 12 representantes na Câmara dos Comuns.

Localização: Lower Shankill, Shankill Parade

Este mural mostra a mão vermelha de Ulster. A mão vermelha de Ulster é o símbolo da província de Ulster, na Irlanda. Todos os seis condados da Irlanda do Norte, além de três na República da Irlanda, estão localizados em Ulster. A mão vermelha de Ulster vem de uma lenda sobre um rei que estava envolvido na tentativa de conquistar Ulster, que não tinha herdeiro. O reino iria para aquele que chegou a terra em primeiro lugar, de modo que o rei perder cortou-lhe a mão e atirou-a para a praia para reivindicar a terra antes que alguém pudesse realmente chegar à costa.